domingo, 13 de maio de 2012

Refletindo sobre Ensino Médio Noturno Diferenciado.

          O sonho de um  profissional da educação que se preocupa com o processo de ensinoaprendizagem dos educandos, é que a escola seja um local de incentivo, de desafios, de construção do conhecimento, de transformações.

          Um lugar onde haja o debate das questões sociais e culturais,  refletindo os princípios e valores que devem ser vivenciados, formulando e implementando um projeto pedagógico viável para a comunidade escolar, criando e recriando um novo fazer pedagógico.

          No Brasil, a LDB - Lei 9394/96, o artigo 26 aborda que "os conteúdos do Ensino Médio devem ter como base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela". E o artigo 36, na Seção I, destaca as diretrizes do Ensino Médio.

          Pacheco (2003), destaca que o currículo é um instrumento adequado de regulação não só para a formulação de objetivos de aprendizagem, que se encontram nas  diversas formas de seleção e organização do conhecimento oficial, bem como para o estabelecimento de critérios de controle. E o mesmo ainda argumenta na construção da autonomia curricular dentro da própria escola, oportunizando-se situações curriculares pouco estruturadas que possam permitir aos alunos refletirem sobre suas experiências de vida, através de problemas flexíveis, fundamentados nos princípios de uma educação democrática.

          Mediante a inexistência, ao longo dos anos do Brasil, de uma política educacional que leve em consideração as características do Ensino Médio noturno regular e as especificidades do trabalhador estudante que tenta conciliar as atividades de trabalho e de estudo, em 2005 na tentativa de minimizar o problema do noturno, a Subcoordenadoria do Ensino Médio (SUEM) elaborou um projeto-piloto sinalizando mudanças na proposta curricular, na metodologia e, principalmente, no que se referia a produzir um diferencial para esse turno de ensino.

          No início desta proposta, foram convidadas 11 instituições de ensino para desenvolver a ideia; hoje somam-se 65, entre elas a escola que trabalho como professora orientadora da Telessala - E. E. Capitão Mor Galvão.

          Desde janeiro, quando fomos convocados para um repasse sobre esta proposta, a qual, na época, não ficou claro, comecei a pesquisar sobre o assunto. Reportei-me a alguns teóricos, tais como: Carvalho,  Pacheco, Bordieu, Pascaron, SchãnRodrigues, Perrenoud, Paulo Freire, entre outros, a  LDB e os PCNs do Ensino Médio. O que me chamou a atenção, é que quando pesquisava na ferramenta de busca GOOGLE, só encontrava relatos das escolas envolvidas.

        Minha inquietação foi tamanha que até hoje estou buscando informações a respeito, até porque não podemos esquecer que a escola e a prática educativa que nela ocorre, faz parte de uma prática social mais ampla, que precisa ser pensada, assimilada criticamente, para então ser discutida, e  a partir daí, se possa elaborar, em nível de ações educacionais, o que se deseja transformar.
          Nesta instância, como defensora de uma telessala como um apoio pedagógico na educação, vendo os conteúdos ministrados em projeções muitimídia, lancei a ideia para professores, coordenadores, supervisores e gestores, de aulas práticas, a qual foram bem aceitas, até porque quando a defendi, não estava brincando de  de me especializar e sim de contribuir para a educação curraisnovense.
          Até porque a nossa vida profissional torna-se maravilhosa, quando encontramos amigos de profissão que acreditam nas nossas ideias, como os professores do turno noturno, que aos poucos estão se conscientizando da beleza desta proposta do Ensino Médio Noturno Diferenciado.

          No dia 25 de abril,  dentro da disciplina de artes da professora Roseane, foi realizada com os alunos  da 2ª série "E", uma aula prática.  Eles estavam estudando sobre as cores e suas simbologias; como finalização deste conteúdo foi ministrada uma oficina, utilizando a técnica da pintura abstrata, onde cada um fez rabiscos livremente e preencheu os espaços limitados.
            No dia 26 de abril foi a vez da professora de artes Renata. Levamos os alunos para observar a arquitetura dos prédios no centro da nossa cidade e a oficina realizou-se na praça - uma maravilha!!!! Eles estavam tão concentrados que as lágrimas escorreram um pouco da minha face (é porque sou assim mesmo - emotiva).

          Quero aqui neste ambiente, através deste vocábulos redigidos,  mostrar que ESTAMOS SIM, FAZENDO NOSSO PAPEL, mas cabe aos GOVERNANTES assegurar a escola condições de melhor atendimento, na formação continuada. No meu ponto de vista TODOS os envolvidos devem participar desta formação.
         Se não tem condições de atender a todos na locomoção, que os coordenadores desçam às escolas para fazerem o trabalho, até porque as reformas  educacionais não brotam do interior da escola, nem saem do poder estatal, mas devem ser geradas no  envolvimentos dos atores em questão: gestores, professores e alunos.

         Por fim, quero agradecer a todos os profissionais do turno noturno, por perceberem que a mudança-inovação é um comprometimento de todos - é a comunidade escolar estudando e pesquisando, aprendendo a fazer ações e práticas pedagógicas efetivas, eficientes eficazes; ações e práticas que possam proporcionar rumos de sucesso aos alunos e professores do turno noturno.

"O papel da escola e do professor, como responsáveis pela organização de situações que permitam ao aluno estabelecer uma relação proveitosa e prazerosa com o conhecimento, passa a ser vital, tanto na perspectiva do desenvolvimento individual quanto social". (KUENZER, 2005, p.61) 

 Irene Maria de Medeiros
Professora Orientadora da Telassala
Pedagoga/Especialista em tecnologias na Educação

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